O CASEBRE
O fechar das janelas, deixou tudo escuro.
A casa estava lá, e era a mesma
No ar, o cheiro de madeira antiga exalava,
Saiu do carro a passos largos
Em direção a porta
A chave continuava La, embaixo do capacho
Pegou a chave, girou a maçaneta, e abriu a porta
Entrou e foi de encontro ao passado
Passou cômodo por cômodo
Sentiu o cheiro familiar
Sentiu o gosto do tempo que passou,
Agridoce.
Chegou ao quarto, caiu de joelhos ao pé da cama
Que por tantas vezes a acolheu
Da cama, no qual havia morrido
Onde sua alma havia ficado, onde ainda estava por tanto tempo,
Aprisionada ali, no dia em que foi presenteada com aquela rosa
Juntamente com aquele adeus
No chão ainda havia, pétalas secas da rosa
Que foram reduzidas a pó.
Assim como tudo o que ficou para traz,
E mais uma vez enterrou La sua alma,
Fazia esse sacrifício macabro de tempos a tempos
Como se precisasse sentir que ainda doía, que ainda sangrava
e pela milesima vez,fugil de la
assim como fugiu daquele adeus,
e correu de la,
para se abrigar na falsa segurança de seu carro,
partiu,como em todas as outras vezes,
deixando para traz novamente,
o antigo casebre,desgastado,velho e morbido
como sua vida até então.