Fardo
Eu não peço muita coisa, a não ser o domínio,
Daquilo que me foi dado, minha vida,
Dizer a mim vá para a direita ou vá para esquerda, e realmente ir.
Domínio sobre o ar que me enche os pulmões, sobre as batidas do meu coração.
Há quem diga que eu não tenho coração
Seria bom se realmente eu não o tivesse,
Mais eu tenho e ele é fraco, e você sabe disso.
E como uma aranha você faz sua teia e me envolve em sua trama
E eu com uma falsa visão de liberdade, Ao invés de ir me enrolo cada vez mais em seus nós,
Como uma marionete em suas mãos você me domina, e para não te ver sofrer.
Sofro eu em seu lugar.
Como se em mim fosse doer menos, mania besta de me dar para o abate,
Em uma bandeja para me fatiarem sem do.
Fingindo ser forte, pra você e para todos.
Hoje, provo que sou carne, que sangro e sinto dor.
Seria tão mais fácil, se os dois compartilhassem o mesmo fim,
Ao invés de ficar um arrastando o outro, como um presidiário preso a uma bola de ferro,
Um levando o outro, nas costas como um grande fardo,
No fim morrem-se os dois, um de tristeza o outro de cansaço,
E qual seria a morte menos dolorosa?
Qual seria a morte perfeita e indolor.
Qual seria?